Em abril de 1915, a guerra aérea mudou completamente. Quatro aviões de observação Albatroz, decolando de uma base do V Exército, estavam sobrevoando território francês, de volta de uma missão de reconhecimento. Eles estavam voando desarmados. Mas como estavam a três mil metros de altitude. pensavam que estavam completamente a salvo de qualquer ataque. Até mesmo os aviões franceses, cujo os observadores estavam começando a imitar Goering e levando consigo metralhadoras, não poderiam subir até aquela altitude, com aquela carga. Quando um dos pilotos alemães avistou um monoplano francês se aproximando e avisou seus companheiros, eles continuaram a voar em formação, nenhum deles sentindo a menor preocupação. O que um monoplano francês desarmado poderia fazer a todos eles? O que eles não poderiam imaginar era que o monoplano não apenas estava armado, como também era pilotado por um francês extraordinário, Roland Garros, que estava prestes a fazer de dois aviões alemães as primeiras vítimas de um novo tipo de combate aéreo. Pela primeira vez na guerra aérea, ele estava experimentando uma metralhadora ligeira que disparava as balas por entre as pás da hélice. A arma ainda não estava completamente sincronizada e Roland Garros sabia que algumas balas iriam arrancar grandes pedaços da hélice, mesmo reforçada com cintas de aço. Mas importância teria isso se ele pudesse derrubar pelo menos um?
Ele voou direto contra os quatro aviões inimigos e abriu fogo a curta distância. A asa do avião mais próximo ficou completamente despedaçada, pegou fogo e caiu no mesmo instante. Os outros três se dispersaram, numa confusão aterrorizada, mas Garros perseguiu-os e conseguiu derrubar mais um, antes que os outros desaparecessem em meio às nuvens e seu próprio aparelho começasse a ziguezaguear descontroladamente. Desligando o motor, ele fez a volta e começou a planar para a terra, na direção de sua base e de um lugar seguro para aterrissar. No dia seguinte, com uma nova hélice, ele levantou voo novamente, em sua caçada aos aviões alemães. Nos dezoito dias seguintes, Garros derrubou cinco aviões alemães. Mas sua ação teve efeitos mais profundos, disseminando primeiro a incredulidade e depois o pânico estre os estrategistas aéreos alemães. Como tal coisa podia acontecer? Como um monoplano que parecia disparar por entre as pás da própria hélice?
A 19 de abril, dezoito dias depois do primeiro encontro, os alemães finalmente descobriram. Naquele dia, Garros estava a caminho de novas vitórias quando uma pane no motor, obrigou-o a descer planando e a fazer uma aterrissagem forçada em território alemão, onde foi capturado, antes que pudesse incendiar seu avião. Garros foi levado para um cetro de interrogatório, enquanto o avião era removido dali, para ser submetido a um exame meticuloso.
Um dos homens que estavam projetando aviões para a Força Aérea alemã, era um jovem holandês, chamado Anthony Hermman Gerard Fokker. Como o novo avião que ele acabara de produzir era um monoplano de tipo semelhante ao pilotado por Garros, chamaram-no para examinar o aparelho capturado e sua alarmante arma nova e revolucionária. Será que ele poderia projetar algo assim?
Fokker, que em breve seria reconhecido como um dos maiores projetistas aeronáuticos do mundo, nada conhecia de armas, mas depois de um exame superficial da metralhadora do avião capturado, declarou aos ansiosos alemães, que poderia fazer algo muito melhor.
Ele disse aos alemães que aquela arma, tal como estava, era praticamente suicida. Apontou para as pás da hélice reforçada com aço e explicou: Uma bala pode arrancar uma lasca grande o bastante para destruir o motor ou pode ricochetear e matar o piloto.
Mas isso era totalmente impossível, disseram os alemães.
Pelo contrário, era perfeitamente possível, assegurou Fokker, calmamente.
Fokker, um homem extremamente confiante em suas possibilidades, prometeu aos céticos alemães, que resolveria o problema, produzindo um versão aperfeiçoada da arma de Garros dentro de uma semana. Fato notável que ele descobriu o segredo da sincronização em quatro dias, fez uma demonstração em terra e eles continuaram céticos quanto a possibilidade de um funcionamento no ar. Fokker então levantou voo, subindo a trezentos metros de altitude, em seguida apontou o nariz do aparelho para um monte de entulhos a um canto da pista e abriu fogo. As balas não apenas espalharam o entulho por toda a parte como também ricochetearam pelo campo, forçando os técnicos alemães a correrem para salvar a vida. Fokker agira assim deliberadamente.
"Quando eles saíram correndo", escreveu Fokker, "cheguei conclusão de que nunca mais esqueceriam que a arma disparava tanto no ar como no chão".
Foi escolhido para a primeira missão um homem que se tornaria um dos maiores ases da aviação alemã, o Tenente Oswald Boelcke. Ele derrubou sua vítima que de nada suspeitava no terceiro voo. Os estratagistas aéreos alemães convenceram-se finalmente da importância vital da nova arma. Foram expedidas ordens para que a arma fosse adaptada a todos os aviões de caça alemães.
No verão de 1915, a Força Aérea alemã era a senhora absoluta dos céus da frente ocidental, com o Fokker E-2, com um motor Oberursel de cem cavalos, no lugar do motor Argus de oitenta cavalos.
O grande ás da Força Aérea alemã no inverno de 1916, era o barão Manfred von Richthofen, apelidado de Barão Vermelho. Era um grande colecionador de vitórias. Cada vez que derrubava um avião inimigo, ele mandava confeccionar uma pequena taça, onde estava gravado o tipo de avião e a data de sua destruição. Quando ele próprio foi abatido, havia oitenta dessas taças na prateleira da lareira. Assim nasceram os ases da aviação de caça.

Imagem de domínio público. Autor da arte desconhecido.
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"Texto extraído do livro: "O Marechal do Reich", de Leonard Mosley. 1974.